Eu e Brian chegamos a casa muito mais rápido do que se tivéssemos feito a viagem de carro. O Brian estava cansado por ter andado a fazer rondas com os outros lobos, por isso adormeceu no sofá depois de jantar. Fui buscar um cobertor ao armário e coloquei-o com cuidado sobre o corpo dele para não o acordar. Depois fui para o quarto e deixei-me adormecer sobre a cama.
Acordei a meio da noite, peguei no meu telemóvel para ver as horas e este marcava 4:20. Tinha voltado a ter o pesadelo da noite passada, mas agora sentia-me ainda mais assustada que na noite anterior - talvez se devesse ao facto de finalmente ter conhecido dois vampiros a sério, embora não consiga imaginar os pais da Nessie como dois vampiros “maus”, agora sentia um medo tremendo de todos os vampiros, até mesmo dos pais da Nessie. Sei que todos estes meus medos deixam de existir durante o dia, para mim a noite torna-se realmente assustadora neste lugar onde os impossíveis acontecem. Decidi tentar adormecer novamente, mas mal fechei os olhos aquela imagem do vulto sedento pronto a atacar-me voltou a assombrar-me a mente. Não iria conseguir voltar a adormecer - mesmo estando cheia de sono - não conseguia esquecer aqueles olhos vermelhos do meu pesadelo.
Levantei-me e dirigi-me à casa de banho. Depois de tomar um banho e lavar os dentes vesti umas calças de fato de treino e uma t-shirt velha, sequei o cabelo e prendi-o atrás da nuca. Recolhi a roupa suja que estava espalhada pela casa e meti-a a lavar na máquina. Fui para a cozinha e tomei o meu pequeno-almoço, depois fui para a sala. O Brian ainda dormia, sentei-me no chão encostada ao sofá onde ele estava deitado e deixei a minha mente vaguear por todos os momentos que passamos juntos - o dia em que nos conhecemos, o nosso primeiro beijo, a nossa primeira noite juntos e a volta de 180º que a nossa vida deu desde que nos mudamos para La push. Tudo era muito mais simples quando ele ainda não era lobisomem. Agora nada era simples, a minha cabeça estava cheia de preocupações e perguntas sem resposta, sentia que ultimamente andava mais nervosa que o normal - embora não o demonstrasse. Tentava mentir a mim mesma justificando o meu nervosismo com a vinda para La Push, mas a verdade é que o que me fazia estar nervosa era o facto de a minha menstruação não ter aparecido. Isto não é normal em mim, por isso estava tão nervosa, por um lado sabia o motivo que levava a este atraso menstrual, mas não queria acreditar que tal fosse possível. Todas estas dúvidas poderiam terminar com um teste de gravidez ou uma simples ida ao ginecologista, mas não me queria arriscar a isso porque tinha medo que descobrissem algum problema em mim - motivo pelo qual resolvi esperar mais um pouco como uma cobarde.
Mas… e se eu estivesse mesmo…grávida? Não me conseguia imaginar a desempenhar esse papel, não seria uma boa mãe. Como é que o Brian iria reagir a isso? Tenho a certeza que ele não me iria abandonar, mas… chega de pensar nisso!
Encostei o meu rosto ao braço de Brian e deixei-me embalar pelo som suave do seu ressonar até que acabei por finalmente conseguir voltar a adormecer.
Quando abri os olhos apercebi-me que não estava no sítio onde adormecera. Em vez disso estava no quarto ao pé de Brian e este sorria-me sentado ao fundo da cama com um tabuleiro cheio de comida sobre as pernas.
- Bom dia dorminhoca! Preparei-te o pequeno-almoço!
- Bom dia meu amor! - Disse enquanto me tentava sentar. Sentia um pouco de resistência no meu corpo, como se este se recusasse a mover, doía-me as costas e o pescoço. O Brian deve ter percebido na expressão do meu rosto. E respondeu-me com um encolher de ombros.
- Não admira que sintas dores! Onde é que estavas com a cabeça quando decidiste adormecer sentada no chão da sala? Não era mais fácil acordar-me para vir contigo para o quarto?
- Estavas a dormir tão bem que não tive coragem… Eu tentei dormir no quarto mas acordei a meio da noite, tive um pesadelo. - Quando disse isto voltei a lembrar-me das imagens que me assombraram durante a noite, agora não pareciam tão assustadoras, mas mesmo assim estremeci com a recordação.
O Brian pousou o tabuleiro sobre a mesinha de cabeceira e puxou-me para o seu colo, moldei-me ao seu corpo enquanto ele me beijava a cabeça. Levantei o meu rosto debatendo-me contra os meus músculos doridos e levei os meus lábios ao encontro dos seus. O Brian deitou-me sobre a cama e colocou-se sobre mim, o calor do seu corpo era contagioso e fazia com que sentisse cada vez mais necessidade de quebrar aquela barreira que nos separava - as nossas roupas. Comecei a despir-lhe a t-shirt e quando finalmente a consegui retirar o meu estômago gemeu de fome. Ignorei o som do meu estômago em protesto, pois a “fome” que sentia agora era mim vezes maior que a necessidade de ingerir alimentos. Pelo contrário, Brian começou a afastar-se de mim.
- É melhor que tomes o pequeno-almoço - sussurrou-me ao ouvido beijando-me o pescoço em seguida.
- Oh… estava a gostar tanto. - Fiz um pequeno beicinho.
- Eu também, mas vamos poder tratar disto mais tarde. - Disse com um sorriso malandro.
- Mas tu agora estás sempre com a alcateia e… - silenciou-me colocando-me o dedo indicador sobre os lábios.
- Eu falei com o Jake e ele disse que hoje podia passar o dia todo contigo, por isso, hoje és toda minha! - Deu-me um beijo suave nos lábios.
Depois de tomarmos o pequeno-almoço tentei usar os meus desajeitados “truques de sedução” para convencer o Brian a terminar o nosso assunto pendente. E, por incrível que pareça, ele não ofereceu resistência e ficamos no quarto até à hora de almoço.
Depois de almoçarmos o Brian convidou-me para darmos uma volta pela praia e como é óbvio eu aceitei! Sentamo-nos na areia fria e ficamos ali abraçados sem pronunciar nenhuma palavra durante algum tempo. O Brian fixava o olhar num ponto algures no oceano, mas rapidamente percebi que a sua cabeça estava bem longe dali.
- Mandy… Eu tenho uma coisa para te dizer, … ou melhor, … perguntar. - Ele estava excepcionalmente nervoso, e eu não percebia porquê.
- Diz… - Tentei incentivá-lo.
- Bem, eu não tenho lá muito jeito para isto, mas tu és a pessoa mais importante na minha vida, na realidade até és mais importante que a minha própria vida. Para mim todo este mundo não teria importância nenhuma se tu não fizesses parte dele. Por isso quero que faças oficialmente parte da minha vida e que toda a gente perceba o quanto eu te amo e como tu és importante para mim. – Ele estava a tremer e não entendia porque me estava a fazer uma declaração amorosa. Retirou uma caixinha vermelha do bolso e abriu-a à minha frente… a caixa continha um anel prateado com inúmeros diamantes que reflectiam todas as cores do arco-íris. Era o anel mais bonito que alguma vez tinha visto. Respirou fundo duas vezes e continuou. - Amanda, aceitas casar comigo?
Beijinhos (: